Vacinas de RNA mensageiro : a ascensão de uma nova tecnologia
Como funcionam as vacinas?
A imunização é um artifício para prevenção e controle de infecções. Ela pode ser passiva, com transferência de anticorpos prontos (através de soro, placenta, colostro, por exemplo) ou ativa, que se aproxima da infecção natural. Essa imunização ativa ocorre com a ajuda de diversos tipos de células, como os linfócitos T, linfócitos B e as células de memória. Explicando de uma maneira bem simples, os receptores de imunoglobulina do linfócito B reconhecem e fixam o antígeno, apresentando-o ao linfócito T. Desse modo, o Linfócito T, ao liberar citocinas específicas, ativa a célula B. Algumas dessas células se diferenciam em plasmócitos e iniciam a produção de anticorpos contra aquele antígeno, outras se diferenciam em células de memória, responsáveis pelo reconhecimento desses antígenos a longo prazo. É por causa desse mecanismo de resposta imunológica específica que os indivíduos não contraem a varicela ou o sarampo mais de uma vez e o motivo pelo qual a vacinação pode evitar determinadas doenças.
Do que são feitas as vacinas?
As vacinas são compostas por partículas do agente patogênico, por adjuvantes (funcionam como um agente irritante local, potencializando a intensidade e a velocidade da resposta imune), estabilizantes, conservantes e também resíduos do processo de produção. No caso da vacina do tipo RNA mensageiro (mRNA), os cientistas desenvolvem o mRNA sintético, que vai ‘ensinar’ o nosso organismo a fabricar o antígeno, que será posteriormente apresentado as mesmas células ditas anteriormente, dando início ao processo de formação de anticorpos. É importante salientar que a molécula não contém outro tipo de informação, não é capaz de realizar qualquer outra tarefa e muito menos penetra no núcleo de nossas células, então não consegue causar a doença ou qualquer tipo de alteração no nosso código genético. Essa tecnologia, além de ser bastante segura, permite a produção de volumes importantes de imunobiológicos
Vacinas de mRNA no Brasil
O desenvolvimento de duas vacinas contra a COVID-19, a da Pfizer-BionNTech e a da Moderna, são exemplos desse tipo de vacina. Foram as primeiras de plataforma de RNA mensageiro aprovadas para uso humano e mostraram-se efetivas e seguras, em especial para gestantes. Essa tecnologia mostrou ser a mais eficiente em promover a proteção contra a COVID-19, mas como todo o conhecimento não foi compartilhado com outros países de baixa renda ou em desenvolvimento, as cientistas da Fiocruz Ana Paula Ano Bom (Bioquímica) e Patrícia Neves (Imunologista) motivaram-se a produzir no país a sua própria vacina, com objetivo de nos tornamos independentes da produção de grandes indústrias farmacêuticas. Os testes clínicos tem previsão de início para o meio do ano que vem e, obtendo sucesso, a patente e o processo de manufatura da vacina serão compartilhados. Para mais informações, consulte o vídeo que foi colocado junto a chamada do post!
