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Violência sexual perpetrada contra crianças e adolescentes

A violência é um fenômeno complexo e polissêmico, manifesta-se das mais diversas maneiras e assume formas próprias de relações pessoais, sociais, políticas ou culturais, sendo motivada na maioria das vezes por relações de poder. É, especialmente, a ação responsável por despersonalizar o ser humano como sujeito e o tipificar como objeto, o qual não possui qualquer autonomia por efeito da alienação (Brasil, 2023). A violência sexual perpetrada contra crianças e adolescentes é um fenômeno histórico e se configura-se como um agravo de natureza sociocultural abrangido a partir de diferentes dimensões e que se expressam nas relações sociais de classe, gênero e de raça/cor e suas interseccionalidades (Brasil, 2023). Considerada uma das maiores violações dos direitos humanos e um grande problema de Saúde Pública, a qual possui mundialmente altas taxas, apesar da subnotificação dos dados, uma vez que muitas das vítimas deixam de denunciar por medo de seus agressores que muitas das vezes fazem ameaças caso falem sobre o ocorrido.

A Consulta de Enfermagem é reconhecida como o momento oportuno no atendimento as crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Para tanto é primordial que os Enfermeiros se apropriem dos referenciais teóricos, a fim de compreenderem as vulnerabilidades das criança, dos adolescente e suas respectivas famílias, garantindo desse modo a individualidade e à singularidade de todos. Cabe ressaltar que ao realizar essa consulta, o Enfermeiro deverá preconizar as Boas Práticas de Enfermagem, com vistas a melhoria da qualidade da assistência e a manutenção de princípios e pressupostos que orientam a conduta profissional independente da área de atuação. Cabe ressaltar que toda e qualquer intervenção deverá ser pensada de maneira participativa, numa perspectiva emancipadora dos sujeitos, visto que quanto mais as pessoas ignoram os processos cuidativos, menos adesão tem aos planos de cuidado (Egry, 2018). Entretanto, atualmente ainda esbarra-se em um grande fator dificultador que é o despreparo que muitos profissionais de saúde têm em reconhecer a violência, o que tem corroborado com a subnotificação dos casos. Todavia, ainda há outras lacunas existentes que necessitam ser revistas na abordagem dos enfermeiros às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, uma vez que há carência de instrumentos para subsidiar à práxis do enfermeiro frente às vítimas de violência o que termina por prejudicar o cuidado prestado aos vítimas e a seus familiares (Castro et al, 2021). TEXTO POR: Profa. Ana Cláudia Mateus Barreto; Professora da Universidade Federal Fluminense/Campus Universitário de Rio das Ostras. Pesquisa a violência contra crianças e adolescentes desde 2010