Cada vez mais as pessoas têm procurado investir em uma alimentação saudável visando a qualidade de vida. Nesse sentido, a promoção, a proteção e o apoio à amamentação vem sendo reconhecida como um Direito Humano e incorporada como a primeira ação de promoção da Segurança Alimentar e Nutricional. Outro aspecto relevante desta prática é a sua relação, direta ou indireta, com todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Dessa forma, investir nesse sistema é investir no respeito ao meio ambiente e na saúde global. Vale destacar o esforço de um conglomerado de agências internacionais que se organizaram criando o Global Breastfeeding Collective, que vem alcançando o objetivo de melhorar, nos últimos 17 anos, os investimentos de ordem política, financeira e social na promoção da amamentação que, certamente, está resultando no fortalecimento de sistemas sustentáveis de apoio a essa prática. Dentre as várias metas estabelecidas para a avaliação desse sistema, pode-se ressaltar o monitoramento da prevalência de Aleitamento Materno Exclusivo, cuja meta é de 70%, até 2030. O alcance dessas metas representa ainda um super desafio, a nível global, especialmente frente às estratégias agressivas de marketing digital nas redes sociais, nas quais as indústrias de substitutos de leite materno têm explorado emoções e inseguranças das famílias para aumentar a intenção de uso dos seus produtos.
A promoção da literacia em amamentação requer tanto a valorização do protagonismo da mulher como a corresponsabilização de toda a sociedade. Para isso, uma série de ações transversais, estruturadas a partir dos condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais, precisa de maior investimento. Diversas frentes devem ser priorizadas, como: a formação profissional qualificada tanto no ambiente universitário como da rede de profissionais de saúde; o fortalecimento da legislação protetora do direito à amamentação; a maior integração dos setores saúde, educação, segurança social, trabalho e empresas, comunicação social, urbanismo e espaços públicos, comunidade e terceiro setor com o objetivo de ampliar a criação de salas de apoio à amamentação nos diferentes espaços sociais; avançar na transformação das unidades de educação infantil como espaços promotores da cultura da amamentação; fomentar campanhas perenes de comunicação de sensibilização e esclarecimento com produção de materiais educativos e combate à desinformação, especialmente quanto aos riscos do uso de fórmulas artificiais, bicos, mamadeiras e chupetas e articular o apoio comunitário com o envolvimento de lideranças que, por exemplo, organizem grupos e contribuam na sensibilização da comunidade para a formação de uma rede pró-amamentação. Nesse sentido, em 2025, a World Alliance for Breastfeeding Action (WABA) reforçou a prioridade de se envolver toda a sociedade para construção de ambientes de promoção, proteção e apoio à Amamentação de forma sistêmica e sustentável que favoreçam o aumento da amamentação exclusiva e complementada até pelo menos os dois anos de vida, o que certamente estará contribuindo para a preservação do nosso planeta Gaia.
Sobre a autora
Rosane Rito é Profa. Associada do Departamento de Nutrição e Dietética, Faculdade de Nutrição- UFF, doutora em Saúde da Criança e da Mulher, pelo Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ, membro do Grupo Técnico Interinstitucional de Aleitamento Materno SES-RJ, membro do Grupo Amamentar e membro do Grupo Mulheres Apoiando Mulheres na Amamentação.
