Cuidados voltados para o neurodesenvolvimento de prematuros
Novembro é o mês da prematuridade, também chamado de Novembro Roxo, e este ano de 2025 o foco da campanha é: “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes.”
Como podemos garantir isso? Os bebês prematuros geralmente requerem cuidados especiais logo após o nascimento, muitas vezes necessitando de internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Com os avanços da medicina neonatal, as chances de sobrevivência e qualidade de vida dos bebês prematuros aumentaram consideravelmente. No entanto, é fundamental que o cuidado especializado ofertado pelos profissionais, seja voltado para o neurodesenvolvimento adequado desses prematuros. O cuidado com o recém-nascido na UTIN busca o “desenvolvimento harmonioso e global, oferecer as melhores práticas de manuseio, considerando suas características fisiológicas e a necessidade de proteger e prevenir possíveis sequelas nas áreas do desenvolvimento motor, afetivo e sensorial” (https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br). Neste século XXI a ciência aponta a necessidade de se promover a neuroproteção do recém-nascido pré-termo (RNPT).
Para tanto, o cuidado desenvolvimental ou contingente, voltado para o neurodesenvolvimento de recém-nascidos de risco, principalmente os prematuros, deve ser aplicado de forma individualizada e multidisciplinar na prática profissional devido a sua abrangência (Aita, Snider, 2003). Desse modo, em 1992, Heidelise Als e cols, definiram o cuidado desenvolvimental como o planejamento da assistência individualizada com enfoque nas necessidades de cada recém-nascido e sua família ofertando suporte ao seu neurodesenvolvimento (Als, 1982). O cuidado desenvolvimental encontra-se inserido no Método Canguru, modelo de assistência ao recém-nascido de risco, e uma das estratégias da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Criança-PNAISC. É um cuidado que abrange o controle do ambiente da UTIN através da redução de ruídos, luminosidade, odores; preservação do sono do bebê; manejo da dor e do estresse; manuseio mínimo; posicionamento adequado do RNPT, promoção do contato pele a pele, promoção do aleitamento materno e a inserção da família como parceira e também foco desse cuidado. Garantir esses cuidados é um desafio para a prática profissional, para a saúde pública e para as famílias, exigindo informação, educação permanente, assistência adequada e acompanhamento especializado. O suporte familiar e o acesso aos serviços de saúde são essenciais para garantir a melhor evolução possível para os bebês prematuros.
Sobre a autora
Maria Estela Diniz Machado, é Doutora em Enfermagem, Professora Associada da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Membro colaborador do Programa Profissional de Enfermagem Assistencial-PPEA e membro permanente do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde Integral da Criança e do Adolescente-NUPESICA.
