Imunização de adolescentes
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece à população brasileira um calendário vacinal robusto e gratuito, sendo a imunização na adolescência uma etapa estratégica para a promoção da saúde individual e coletiva. Diferente da infância, o adolescente apresenta menor frequência aos serviços de saúde, o que pode comprometer a atualização vacinal. Por isso, o papel da enfermagem é fundamental na identificação de esquemas incompletos e na adoção de estratégias que ampliem a cobertura vacinal. O Calendário Nacional de Vacinação contempla várias vacinas essenciais para os adolescentes: A vacina contra o HPV, disponível no SUS na forma quadrivalente (HPV4), protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus, responsáveis por verrugas genitais e diversos tipos de câncer. É indicada para meninos e meninas, em dose única, entre 9 e 14 anos. Para adolescentes de 15 a 19 anos sem histórico vacinal, recomenda-se estratégia de resgate. A vacina meningocócica ACWY, que previne doenças causadas pelos sorogrupos A, C, W-135 e Y da Neisseria meningitidis, é recomendada em dose única entre 11 e 14 anos. Já a vacina contra a dengue (Qdenga®) é administrada em duas doses com intervalo de três meses, para adolescentes de 10 a 14 anos, independentemente de infecção prévia pelo vírus. A vacina dupla adulto (dT), que previne difteria e tétano, deve ser reforçada a cada 10 anos. Em situações de risco de tétano ou difteria,, esse intervalo pode ser reduzido para 5 anos. A vacina contra influenza deve ser aplicada anualmente.
Além disso, adolescentes não vacinados ou com esquema incompleto devem receber vacinas contra hepatite B, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e febre amarela, de acordo com o histórico vacinal anterior e respeitando os intervalos recomendados. A vacina pneumocócica 23-valente (VPP23) e a vacina contra varicela são indicadas para adolescentes indígenas. Adolescentes cumprindo medidas socioeducativas são considerados parte do grupo especial para vacinação contra COVID 19 periódica com uma dose anual do imunizante disponível e recomendado para a faixa etária. A vacinação em adolescentes pode gerar estresse, especialmente pelas vacinas injetáveis. Técnicas para reduzir dor e ansiedade, como respiração guiada, uso de distrações (música, conversa, vídeos), e comunicação adequada à faixa etária são recomendadas. Reações psicogênicas são comuns nessa faixa etária, caracterizadas por sintomas como tontura, palidez e desmaios devido ao medo da aplicação. Recomenda-se manter o adolescente sentado por pelo menos 15 minutos após a vacinação para evitar quedas ou síncopes. O enfermeiro, figura central na atenção básica, é responsável não só pela aplicação das vacinas, mas também por garantir a atualização do esquema vacinal, realizar busca ativa, conduzir ações educativas em escolas e unidades de saúde, combater a desinformação, registrar corretamente os dados vacinais e acompanhar as mudanças nas recomendações do Ministério da Saúde. A atuação proativa, técnica e acolhedora da enfermagem é fundamental para o êxito das estratégias de imunização e para a proteção dos adolescentes contra doenças imunopreveníveis.
Sobre a autora
Profª Drª Tatiane Marinz é Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense (EEAAC/UFF) da área de Saúde da criança e do Adolescente. Membro pesquisadora do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde da Criança e do Adolescente (NUPESICA). Docente Convidada no Programa Profissional em Enfermagem Assistencial (PPEA). Coorientadora da Liga de Pediatria da UFF (LiPe). Representante da EEAAC no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFF como de membro titular.
